sábado, 21 de junho de 2008

diário de bordo

A partir de hoje meus textos serão publicados aqui

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Despedida - Parte um

Retorno à Uberlândia, procuro o colo da minha mãe, com certeza será dela que sentirei mais falta.

Percorro caminhos da minha infância. Passo pela cachoeira e as lembranças que me vêm são mais vivas e fortes do que a queda d'água, lembro de ter aprendido a nadar nessas águas geladas, lembro também de quando trouxe Simone, a minha britânica ficou sem palavras ao ver as belezas naturais dessa região.

Caminho pelo sítio e lembro do João pequeno andando descalço, sem camisa, subindo em árvores de jabuticaba, goiaba, pêssego e ameixa. Lembro também que quando cansado, sentava embaixo do pé de jaca ou então de ingá.

O João de hoje sente vontade de chorar quando percebe que não é mais aquele menino, as árvores permanecem no mesmo lugar, mas o João mudou muito. Cresci de forma lenta, aos poucos nascendo barba, mudança de voz, mudança pelo corpo, mas sempre carreguei comigo o espírito de criança, talvez por isso levei minha vida toda na brincadeira, cercado de meninas, bebedeiras e pequenos luxos. Na verdade eu só queria que o tempo andasse tão lento quanto meu amadurecimento, só quis aproveitar a vida, como se ela não passasse de um grande e iluminado parque de diversões.

As noites no sítio, sempre foram regadas à pinga, forró e mulher. De olhos bem abertos procurei gravar cada uma das cenas que aconteciam ao meu redor, pra deixar como fundo de reserva das minhas lembranças quando os momentos de solidão se abaterem sobre mim.

A semana acabou, a sensação que tenho é que Uberlândia ficará somente nas minhas lembranças, acho que não voltrei mais a esse cantinho, me despeço com lágrimas nos olhos e a certeza de que fui a criança mais feliz do mundo.

Estou vontando pra BH.

(Escrito dia 15/06/08)

sábado, 7 de junho de 2008

Linhas tortas

Que eu nunca andei bem da cabeça, todo mundo sabe. Mas até o mais errado do mundo dos errantes acertam uma vez na vida.

O Lula em meio as trapalhadas, enfim deu uma bola dentro, raspando na trave, criando o PAC(Plano de aceleração ao crescimento). Se o plano vai dar certo ou não, só mais tarde saberemos. O que posso dizer é somente, que por meio desse projeto, me inscrevi no programa do governo pra atuar como voluntário na conscientização do nosso povo, em especial a comunidade indígena no Norte do país.

Fui selecionado para ficar na região de Altamira(PA), onde morarei por 5 anos aproximadamente, tendo auxílio médico, odontológico, e moradia. Nada de conforto, mas vive-se bem, nessas condições. Como é voluntário, não receberei renda nesse período, mas me garantiram que não passarei por dificuldades e além do mais, dependendo da minha adaptação poderei arrumar uma ocupação(emprego) pela cidade.

Minha família, acostumada com meu jeito louco de ser, não levaram fé nisso, só levaram um susto quando recebi a passagem de avião com destino a Belém(PA), tentaram me tirar de cabeça, mas a minha decisão já está tomada. Parto dia 18/06/08(dia do jogo BrasilXArgentina, em pleno Mineirão) rumo ao desconhecido, porém gratificante, tenho certeza.

As linhas tortas da minha vida, começam a ficar retas. Sofri grandes decepções em Belo Horizonte, sofri muitas mudanças aqui, perdas irreparáveis.

No último dia 02/06, perdi minha aada e querida avó. A pessoa que mais tinha meu respeito, carinho e admiração, sinto como se BH me engolisse num mar(se aqui tivesse) de perdas, fracassos e frustrações.

Quero encarar minha nova aventura, não como capricho de menino mimado que resolve fugir dos problemas e sim, um mecanismo de crescimento, ato de força bruta.


Tem gente que só funciona na base da porrada.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Volte para o seu lar

Aqui nessa casaNinguém quer a sua boa educação
Nos dias que tem comida
Comemos comida com a mão

E quando a polícia, a doença, a distância, ou alguma discussão
Nos separam de um irmão
Sentimos que nunca acaba
De caber mais dor no coração
Mas não choramos à toa
Não choramos à toa

Aqui nessa triboNinguém quer a sua catequização
Falamos a sua língua,
Mas não entendemos o seu sermão
Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão
Mas não sorrimos à toa
Não sorrimos à toa

Aqui nesse barco
Ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectivas
Mas o vento nos dá a direção
A vida que vai à deriva
É a nossa condução
Mas não seguimos à toa
Não seguimos à toa

Volte para o seu lar
Volte para lá

(Marisa Monte)